Um levantamento consolidado pelo Ministério da Saúde mostra que mais de 2,1 milhões habitantes do país vivem potencialmente expostos a contaminantes químicos. Essas pessoas residem em uma das 2.527 áreas com solo contaminado detectadas no Brasil. Os dados foram coletados pelos estados e municípios no período de 2001 a 2008 e informados ao Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST) do Ministério da Saúde, passando a integrar as estatísticas da Vigilância em Saúde das Populações Expostas a Contaminantes Químicos (VIGIPEQ).
As questões relacionadas aos solos contaminados e às populações potencialmente expostas a produtos químicos é um dos temas que serão discutidos durante na 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA), de 9 a 12 de dezembro, em Brasília. Neste encontro, que envolve a mudança do meio ambiente e a saúde da população, serão propostas as prioridades para o setor e a sugestão de diretrizes para políticas públicas de saúde, entre outras áreas do poder público envolvidas.
O objetivo da VIGIPEQ é avaliar os dados para subsidiar ações e medidas de prevenção, promoção e atenção integral às populações que tiveram exposição ou que moram em área de risco. Os principais contaminantes são os agrotóxicos (20%), derivados do petróleo (16%), resíduos industriais (12%) e metais (11%). No período de 2004 a 2008, três estados tiveram maior número de pessoas potencialmente expostas: São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.
“A importância dessa problemática é que ela representa uma situação aparentemente nova para o SUS. Porém, sabemos que os problemas de áreas contaminadas com populações expostas são antigos no Brasil e decorrentes dos processos, como o de industrialização”, avalia Herling Alonzo, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de Campinas (Unicamp), São Paulo.
“Fazer esse debate no âmbito da Conferência Nacional de Saúde Ambiental é relevante porque essas situações têm especificidades e representam um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS) no que diz respeito à definição de como cuidar da saúde integral das pessoas expostas a contaminantes e como o setor saúde tem que se articular de forma intersetorial, especialmente com os órgãos ambientais e de infraestrutura e até de justiça, para determinar como atender essa demanda”, diz Alonzo.
Há décadas a relação entre a degradação do meio ambiente e os problemas de saúde é foco de estudos no mundo. De acordo com dados da OMS, 24% da carga global de doenças e 23% dos óbitos prematuros estão relacionados a problemas ambientais.
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